Poema para um cavaleiro andante
I
Oh, meu doce faquir, encantador de serpentes,
leva-me contigo para um país distante,
onde o pão se debulha na mesa
e os grãos de arroz desabrocham como flores,
nos campos ensolarados do senhor.
Senhor das tempestades,
Não me açoites com teu chicote de tiras e dentes,
pois noite e dia sou a mulher que te espera,
Com uma eterna ânfora para refrescar a tua fronte,
Com leite e mel, prá recarregar o teu farnel.
Toma-me nos braços
e bebe o meu vendaval de amor.
II
Senhor dos oceanos,
Aplacas a ira das minhas ondas estelares.
invades as minhas ilhas interiores,
molhas com tuas àguas abundantes
minhas terras ressequidas e rochosas,
pois a sofreguidão de tua fome,
secularmente,
me seduz.
secularmente,
me seduz.
III
Príncipe das marés,
tuas mãos espalmadas percorrem-me nádegas e flancos,
ancas, pernas e coxas, se desabrocham em flores exóticas
que exalam sutís perfumes, a sua rotunda passagem.
Arqueológo do tempo,
descobre em mim um novo continente,
ainda sem nome,
sem passado, presente ou futuro.
nunca dantes habitado.
E com teu compasso enferrujado, de viajante andaluz,
vais desenhando as novas rotas que agora desejas percorrer,
nesse corpo gasto, em eterna posição de lótus
e feito de espera.
Agora santo e templo sagrado de tuas memórias.
Teus hieróglifos estão gravados nas minhas paredes,
se abraçam nas areias interiores de mim,
e se transformam em canções de amor.
Imagem: Willian Whitaker
Imagem: Willian Whitaker
São Paulo – Shopping Iguatemi
1998
Comentários