Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2011

Olhos de gato

Imagem
andar felino dança sobre o muro lambe gotas das folhas a chuva passa fica apenas um olhar  (molhado) de gato.

Jabuticabas

hoje encontrei a poesia de cesta na mão pernas cruzadas num lance de escada chupando jabuticabas e jogando as cascas prá vida.

Um deus maldito

Imagem
Foge sonho fugáz desfaz a cor da face das figuras presas nos vitrais, penduradas nas paredes ocas, ensanguentadas. Um rastro de fantasma aqui e ali, um  cheiro de pólvora que não quer passar. Foge sonho fugáz,  encante a noite macabra, empunhe a cruz irônica o sorriso e o gesto sarcasticontundente. No olhar e na boca (o desejo e a ordem) cobram impostos. A esmola anônima nas mãos, um deus maldito no ventre na alma um micróbio ancestral. 

Nossas vidas se encontram...

Imagem
Nossas vidas se encontram às quintas-feiras. Olhos lavados se abraçam silenciosos. Nossas vidas se encontram num vão de escadas, se tocam nos degraus:   as lágrimas  escorrem...

Vinicius cantando amor

Imagem
                                                                      Para João Alfredo Ribeiro Vinícius cantando o amor, mas, lilás - é a cor da ausência. Te vejo em gotas azuis pingadas sofrega-esfregada-mente nos lábios dos castiçais. Tua luz mortiça atiça os vendavais e um ciclone abrupto explode no tempo que amputa algo de nós.

Prelúdio

Nesta casa há sombras, desejos recônditos, cheiro de incenso nas coisas, as mesmas, antes da  partida. Há versos no espelho: pairados nos lábios                                [semi-abertos]. Há música nos olhos, nas mãos,  cores no quarto, na cama à espera. Há sonhos no ar, sono nos gestos. Nesta casa habita o verde no fundo da mata, cachoeira irrequieta, marulhante, marinheira nave(ga) no espaço em ondas de calor, na cauda das estrelas, nas asas dos pássaros, em fachos de luzes. Essa casa germina: no mar          na terra                     no ar. Há uma bússola maluca e um farol apagado.

A Pedra de Drummond

Imagem
      No meio do caminho a pedra drummoniana continua atrapalhando rotinas, ofuscando retinas. É preciso: rolar a pedra.                 olhar a pedra                 sentar na pedra                 escorregar na pedra                 saltar a pedra. Mil demônios levem Drummond                 e sua pedra                 (nossa)                 de cada dia!!!

Poemas Haikai - Tomas Transtörmer , Nobel de Literatura 2011

Imagem
 Tomas Transförmer, ganhador do Nobel de Literatura 2011e seu único poema traduzido em português... Os fios elétricos estendidos por onde o frio reina Ao norte de toda música. O sol branco treina correndo solitário para a montanha azul da morte. Temos que viver com a relva pequena e o riso dos porões Agora o sol se deita. sombras se levantam gigantescas. Logo logo tudo é sombra. As orquídeas. Petroleiros passam deslizando. É lua cheia. Fortalezas medievais, cidades desconhecidas, esfinges frias, arenas vazias. As folhas cochicham: Um javali está tocando órgão. E os sinos batem. e a noite se desloca de leste para oeste na velocidade da lua. Duas libélulas agarradas uma na outra passam e se vão Presença de Deus. No túnel do canto do pássaro uma porta fechada se abre. Carvalhos e a lua. Luz e imagem de estrelas salientes. O mar gelado. Poemas haikai Tomas Transtörmer (Tradução de Marta Manhães de Andrade)