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Mostrando postagens de março, 2013

Desterro

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Volto à tona do profundo mergulho em tuas carnes. E não me encontro mais. Nas paredes interiores de mim, gritam os zilhões de filhos abortados em cada noite de amor. Nado em desespero, até as praias desertas do teu continente. Ninguém à minha espera. A casa que não construímos Jaz à sombra do limoeiro,        -- destelhada-- sem portas, nem janelas. Tudo em volta   são  ruínas e desterro. Te enxergo nas lágrimas que escorrem pelo meu rosto, à minha revelia. Sinto o cheiro de tua pele, ainda quente e molhada, grudada a minha. Mas você partiu em busca de outras terras, outras marés, outros mapas e outras amantes. E me deixou nua, agarrada aos cabelos da terra, às raízes das árvores do quintal, que agora só existem nas memórias de minha sede. Imagem: Adrian Borda

Será que chove?

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  Imagem: Loni Jover  Voce  me disse que se sentia um guarda-chuva, desses que ficam esquecidos, pendurados atrás da porta, até que alguém se lembre deles, somente, diante de uma tempestade. Mas quem se deixou transformar neste guarda-chuva velho, rasgado, com varetas tortas e o cabo quebrado, foi você mesmo, quando não percebeu que manteve as pessoas chupinhonas ao seu lado, mesmo depois de ter se decidido por começar uma vida nova. Vc desenhou o roteiro, sonhou com a viagem, comprou as passagens mas, se esqueceu de, na bagagem, levar apenas o que iria usar neste novo lugar. Encheu as malas de tralhas dispensáveis, que já não usava mais, há muito tempo, que só te aborreciam, mas das quais não conseguia se desapegar, apenas pelo hábito de vê-las, estar em contato com elas, todos os dias. Isso acontece com as pessoas que ocupam uma boa parte de nossas vidas, também: se chegar um dia em que elas se transformarem em móveis, utensílios, quinquilharias e inutilidades, passou da h