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Mostrando postagens de maio, 2013

Chuva de arroz

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 O espírito de Da Vinci baixou por aqui, numa tarde de outono qualquer. Os chineses invadiram os céus com suas máquinas voadoras: submarinos, bicicletas, helicópteros. Flores e pássaros espocaram nas paredes do tempo. Pipas coloridas pelos ares. Leques. Arlequins. Chuva de arroz. Tuas mãos brancas tirando as luvas. Despindo os anéis, pulseiras, amarras. Minhas mãos espalmadas nas tuas nádegas. Gosto de figo fresco na minha boca. Imagem: Ca Guong Quing

Requiém para um poeta e seu cavalo branco

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 N 'oubliez pas votre cheval - by Lisa G. Pedra azul. Ajoelho-me diante de ti e te sinto fria. A noite pega-me pelos cabelos e arrasta-me até o centro da Terra. De ti quero somente esse beijo com o gosto gelado da morte, o andar trôpego de bêbado a embarafustar-se por latas de lixos e pesadelos alheios. Noite cega. Ponte de nós. Que nada somos. Estrelas cadentes de nós mesmos. Nesse ritmo melífluo, luzes ofuscantes de neóns embaralham-me a visão, enquanto singro todos os asfaltos molhados. Não encontro o pote de ouro, no fim do arco-íris.   Destonado. Destronado. Desfigurado. Espreitam-me as flores de um buquê já murcho, cansado de exalar o perfume dos rododendros.   Pálidas velas desvelam o meu cadáver ambulante. Caminho, cambaleante, com um archote aceso na mão esquerda. Na mão direita, trago o punhal de prata que me livra dos pesadelos noturnos. Com ele, degolo todos os cães negros que, sem medo, ousam afrontar a min

Recuerdos de Santiago

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                                       Pesada pedra azul lapislázuli/ blues eyes: o nectar dos meus seios escorre da tua boca                                [semi aberta] farto mel, pesado fardo de trigo nas costas das lhamas,  que correm noite adentro pelo deserto do Atacama. Passado e presente confundem-se no poente dos Andes. Com os dedos dos pés, amasso uvas,  para fazer o vinho de sua preferência, mas também desenho uma casa com chaminé e lareira, nessas areias setentrionais. Às tardes, de frente para o imenso sol amarelo, de cócoras, como minhas "avuelas", teço cestos com os mesmos trigos,  usados para amassar o pão. E, todas as noites, costumo colher uma única tulipa                   [negra] que nasce na beira dessas encostas glaciais. Me vejo no espelho dos teus olhos azuis: blues eyes, so blues. E,  com o mesmo cinzel em brasas, com

Pólvora

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  Eu, pólvora. Você, madeira seca. Explosão de flores, pássaros e pipas floridas nos céus.

Fogueira de beijos

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Tua boca encarnada. Crepitante. Mãos nos meus seios. Decote.  Tornozelos. Fricotes. Vem. Incendeia-me o corpo Com tua fogueira de beijos.