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Mostrando postagens de setembro, 2012

Eleonora

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Não mais poderei encher o jarro Com as águas fluídas do lago. Ajoelhada as suas margens, Assusto-me com minha imagem _túrgida, fugidia— O buquê de lírios brancos Caem dos meus braços Ressequidos. Como as águas secas do lago Foi-se embora o frescor de Eleonora.

Não quero ir, não quero ficar

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                                                                                                                                                            Para Carmem Quartim Madia e Lilian Shimizu Meu corpo inteiro dói. As horas não passam. Mastigo dentes, com gosto de raízes do tempo. Gosto de terra crua. Chão batido. Um vento uivante e um lobo me espreitam, na esquina da rua. A casa rescende ao cheiro de jasmim. As pétalas reascendem seu aroma fantasmagórico, mesmo mortas. Não quero ir, não quero ficar. O dia não passa. Arrasto correntes.Estico rugas. Prendo um sorriso trôpego, na cara amassada. Nas orelhas rasgadas, um par de brincos. Enferrujados. Nada nos bolsos. Nenhuma artimanha ou subterfúgio, nas gavetas do criado mudo, resiste as manhas do tempo e seu coelho maluco. Quebro espelhos e todos os relógios do mundo. O tempo não pára. E não passa. Se arrasta. Me arrasto. Fico de quatro. De cócoras. No quarto escuro que me hab

Poema para um minotauro azul

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As taças tilintando sobre a mesa. As mãos que se cruzam e se tocam. Quase uma prece. Das taças vermelhas escorrem gotas do borbulhante champagne. Olhos. Bocas. Decotes.Fendas. Tudo é penetrável e impenetrante. Saliências e reentrâncias. O tronco da figueira,  desenrola-se para o céu, e faz-se de teto para os amantes em fuga. O gozo é azul e a fruta do amor é do tamanho de um elefante preso pelo rabo, no elevador. As taças se encontram às escondidas no reflexo do espelho. Miram-se. Tocam-se. E se derretem em gotículas de prazer. O silêncio das bocas traduz o desejo das línguas. Bocas entreabertas degustam o sabor do não dizer...só sentir... o desejo imenso de escorregar dedos pelos tecidos molengos, sedosos, tão safadamente sedutores de sua longa e malemolente saia vermelha. Picasso e o seu minotauro dançam um flamenco manco nas varandas espanholas de uma tela à meia luz. Seu sorriso é tão doce e cruel que não terei