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A sofreguidão das horas

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“Porque é de manhã e tudo em ti se acalma do que termina. A neblina se inclina ao sol. Dobra-se no feixe dos teus olhos durante todo o até.” Patricia Claudine Hoffmann                                                 Ilustração: Elena Schlegel É de manhã que a sua fome de amor se acalma. Se enrola no lençol branco e dorme, recém-nascido; os raios de sol encortinam-se nos seus cílios e pincelam de dourado o quarto; e tudo em volta é silêncio e imóvel permanência,  até o final dos dias. Como se o tempo não fosse o portador de ruínas, ainda que também de discernimento. O tempo que se veste de sol, durante o dia, e de lua, à noite, para se camuflar com sua idade primeva e inaugural das trevas. Entre o azul e o lilás do seu manto, eis um senhor desdentado e vestido de outono, sem nenhum pudor de suas folhas secas. Nos milharais da infância, sua têz era sanguínea. Com o arado em riste, fazia brotar suas sementes. Seu sêmen povoava a te