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Vou-me embora para Pasárgada

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Lá, nas horas largas e fugidias, enquanto a rainha se atormenta com cremes, espelhos e rugas, eu tenho todos os homens do mundo, embaixo de minha janela, me fazendo serenatas e me chamando de “Bela, oh! Bela”, mesmo que eu me sinta a pior das criaturas, mesmo sendo eu esta besta-fera. Lá farei um enxoval interminável na doce companhia de Helena, e, ainda que meus dedos, de tão toscos, já não caibam mais nos dedais, lá isso não tem nenhuma importância, pois o tempo não passa em Pasárgada. Lá, tudo permanece, para sempre. O feio é feio e o belo é belo. O bom e o mau convivem, e ambos não se aniquilam, nem duelam. Em Pasárgada posso dar longos passeios de bicicleta, muito bem acompanhada pelo poeta Lá, jamais esquecerei do chapéu, que me cobrirá do sol, ardente e arfante, como os seios de Eleonora. As tardes, sentar-me-ei à beira das sete fontes e encherei os meus jarros dágua, para com elas matar minha sede, molhar