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Habita-me uma fera

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      Habita-me uma fera: - e um dicionário   (em branco)         Poema: Marisa Sevilha Rodrigues Imagem: Catrin Weltz-Stein  

O uivo de La Loba

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Abri a cortina de teias de aranha e adentrei a caverna úmida. Os olhos do lobo acuado brilhavam no fundo negro da gruta. A velha, de cócoras, entoava uma canção profética, enquanto remontava o esqueleto de ossos, como se fosse acender uma fogueira de gravetos secos. Ao estalar do fogo, suas labaredas subiam, línguas vermelhas de sangue para a Sétima Abóboda do Céu. Puxei meu colar e as pérolas espirraram longe demarcando o caminho a prosseguir. Saí, sem olhar para trás, mas sentindo o brilho intenso [do olhar] da Mulher Selvagem. Das rugas de meus pés descalços nasceram rios em sentidos vários o sangue gotejava de minha fronte e quando puxei o lenço branco para enxugá-la, a pomba da paz voou para longe. O oásis já estava bem perto, pensei, e me sentei no chão, para arrancar os carrapichos das minhas roupas em andrajos. Por sete séculos e sete vidas fiquei assim, sentada, com uma pulseira de salam
Quem não tem parque, passeia nos cemitérios!!!! Sexta-feira à tarde, em são Paulo. Eu e a Sofia, minha cachorrinha vira-lata, ficamos sozinhas aqui na agência. Então, como o telefone não tocava nem por misericórdia, e eu estivesse precisando relaxar um pouco, depois de uma semana inteira batendo pernas na Feicorte -- uma das maiores feiras de agronegócios do País -- resolvi me dar uma tarde de descanso e sair para passear com a Sofia. Botei um moleton, um par de tênis, e lá fomos nós. O destino era o Parque Burle Marx, queé bem pertinho de onde moro e trabalho. Lá chegando, qual não foi a minha surpresa ao verificar, com um zelador, que não é permitida a entrada com cachorros. Bom, pensei, aqui não somos benvindas,Sofia. E agora? Como já estávamos na metade da tarde, não podia me arriscar a ir para outro parque, mais distante, e me perder dentro de engarrafamento monstro. Então, pensei, como estamos ao lado do Cemitério Morumbi, que tal fingirmos uma visitinha aos mortos, nessa pálida