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Mostrando postagens de junho, 2013

O gigante acordou

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                                                 (Para Flavio Ferrari, Kito Correa, José Ruy Gandra e Armando Syllos) Catarse. Um país expele o polvo que trazia, engolfado em seu ventre. A renda do vômito alcança tudo e todos. Atônitos, os zumbis andam dias e noites, incansáveis, gritam palavras de ordem e progresso. Outros, pedem a volta da Varig. Como hebreus em busca da Terra Prometida vagueiam, ao léo, sem rumo certo, e no caminho: - ateiam fogo nos monumentos históricos; -asteiam bandeiras de todas as cores. Us querem passe-livre para ir e vir, sem saber de onde, nem para onde, ou para quê. Mas querem ser livres esses homens de boa vontade, querem dizer adeus à indiferença e mordaças de seus governos. Querem ter filhos negros, de olhos azuis e meio japoneses. Com seus maridos e maridas, sem a interferência do Estado ou a língua solta de qualquer vizinho desavisado. Ah, esses homens sonhadores, que comem os restos do diabo no prato da esquizofrenia

Noiva cadáver

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Dirijo dentro da noite veloz. Fumaça. Carros. Ciclistas atropelados. Pelo retrovisor, vou deixando prá trás todas as ilusões. mas, a esperança ainda me alcança pelos cabelos, com seu braço longo. Noiva cadáver, arrasto os sonhos amarrados no párachoque,   pendurados pelas ruas, enquanto fujo dos teus abraços. Enfrento o frio da noite e os fantasmas da dúvida. Estrangulo os filhos da culpa. Entro   num túnel de estrelas, mas desapareço na escuridão. A velha desdentada me agarra e me embala feito criança parida na calçada. Ela   me abraça e me conta os seus segredos. Me cobre os seios. Tapa as minhas vergonhas. E decreta o meu desterro. Imagem: Adrian Borda