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Mostrando postagens de abril, 2004

Poema para um minotauro azul e solitário

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(O poeta tem olhos de ver o futuro. Ajeita os óculos na ponta do nariz e se posta diante de uma dessas janelas -- es-can-ca-ra-das -- para a eternidade, delicia-se com as notas frutais de um refrescante Kir Royal e põe-se a espiar a vida... ) As taças tilintando sobre a mesa. As mãos que se cruzam e se tocam. Quase uma prece. Das taças vermelhas escorrem gotas do borbulhante champagne. Olhos. Bocas. Decotes.Fendas. Tudo é penetrável e impenetrante. Saliências e reentrâncias do tronco da figueira, que se desenrola para o céu, e se faz de teto para os amantes em fuga. O gozo é azul e a fruta do amor é do tamanho de um elefante preso pelo rabo no elevador. As taças se encontram às escondidas no reflexo do espelho. Miram-se. Tocam-se. E se derretem em gotículas de prazer. O silêncio das bocas não traduz o desejo das línguas. Bocas entreabertas degustam o sabor do não dizer...só sentir... o desejo imenso de escorr