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Mostrando postagens de março, 2012

gato e rato

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Eu e a vida                                                                     estamos brincando de gato-e-rato. Poema: Marisa Sevilha Rodrigues Imagem: Catrin Wlez-Stein

Quando te tenho

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 Quando te tenho flores pulam de galho em galho pássaros fazem piruetas e minhas bocas dão cambalhotas. (depois) você me vira as costas meu coração calça botas e salta a janela da noite: - tenta buscar o ponto exato de onde provém a dor.

Seis da tarde

Seis da tarde: os homens viram sombras, mas nem se dão conta. Continuam andando, apressados. Andam, andam, andam mas não saem do lugar. Comum.

Tributo

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Mensalmente entre cólicas e prantos pago o tributo por ter nascido água.

Banco de espera

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Foto by Izabel Demarchi Amo as coisas velhas. As coisas velhas e feias: - um chapéu sujo esquecido num banco de espera. Um banco branco de um hospital. Numa inútil espera (o chapéu).

Deleites da Lua

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Aqui, nascido da terra, sobre o rumorejar das águas, Entoando sua música e carregando o fardo da luz, Abrigando o dia em meu peito, como um filho sorridente e radioso... Aqui posso falar baixinho, sem que me ouçam, sem temer a noite. Caminhar sozinho... acaso era esplendor aquilo que nos ligou, imersos no tempo, quando o verão solta suas madeixas? ... Amamos as sombras e os desenhos com que elas juncavam o chão. Místicas tapeçarias, desfazendo-se no ar abafado. Foi naquele dia... e a noite revelava outra história, pontilhada de árvores esguias. Surgiam fantasmas das estrelas e havíamos ambicionado a glória, Sussurravam para nós, falavam de paz, na brisa lamentosa, Diziam de uma fé antiga, morta, que o dia abalara, A juventude era a pequena moeda que comprava os deleites da Lua; Aquela era a urgência que conheciamos e a língua que importava Aquela era dívida que pagaria para outubro, o usurário. Aqui, no mais fundo dos sonhos, junto às aguas que não trazem do pa

Poema para um cavaleiro andante

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                                                                               I Oh, meu doce faquir, encantador de serpentes, leva-me contigo para um país distante, onde o pão se debulha na mesa e os grãos de arroz desabrocham como flores, nos campos ensolarados do senhor. Senhor das tempestades, Não me açoites com teu chicote de tiras e dentes, pois noite e dia sou a mulher que te espera, Com uma eterna ânfora para refrescar a tua fronte, Com leite e mel, prá recarregar o teu farnel. Toma-me nos braços e bebe o meu vendaval de amor. II Senhor dos oceanos, Aplacas a ira das minhas ondas estelares. invades as minhas ilhas interiores, molhas com tuas àguas abundantes minhas terras ressequidas e rochosas, pois a sofreguidão de tua fome,  secularmente,  me seduz.  III Príncipe das marés, tuas mãos espalmadas percorrem-me nádegas e flancos, ancas, pernas e coxas, se desabrocham em flores

Inquilina do Amor

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Ajoelho-me as tuas margens. Arrasto-me. Arrasada, ergo os olhos para tuas encostas. Tuas intangíveis escarpas. Como alcançar-te no ponto exato, onde te perdi? Muralhas.Mulheres. Outras mãos deslizando sobre tua pele. Escalpo. Florete. Mandarim. Um olho cego desnorteia-me nessa procura obscura. Perdi o mapa do teu peito. Florestas. Tramas. Ramas. Tento decodificar os arabescos indecifráveis. Teus rastros deixados em minhas paredes uterinas. Hieróglifos. Caracteres de uma escritura sagrada. Eu tinha a bíblia do teu amor, aberta, sobre a minha penteadeira, Mas não a li. Escovas. Cabelos. Arlequins. Experimento novas e antigas máscaras. Vejo-me no espelho e não reencontro mais o meu rosto. Mestre. Mastro. Maestro. Tua deixaste de reger a orquestra de sinos de ventos, que cantarolavam em mim. Nas insones noites, feitas de longas despedidas e ausências. Abandonaste a casa que te serviu de abrigo, na escuridão dos meus dias

Pote quebrado

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Pote quebrado água chora nos vãos dos cacos.