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Mostrando postagens de agosto, 2013

O cão em eterna vigília I

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I E o cão fez vigília à minha porta, na noite escura. Tentei acender uma fogueira de gravetos, recolhidos durante a jornada, mas eles estavam molhados. O vestido branco bordado com poemas, não me serve mais. Caminho nua. em meio à tempestade. O barqueiro passa ao longe com seus lampiões acesos no convés, mas não me enxerga na noite densa. O anel de pedras coloridas ainda brilha no meu dedo indicador. Ele poderia ser a minha bússola, mas não é. Imagem: Remédios Varo

Sobre cobras e precipícios

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Joana tinha medo, mesmo, era de raposa.  Trancava o galinheiro, todos os dias,  as seis da tarde.  Pendurava o rastelo atrás do curral.  Do abismo, não tinha medo.  Terminada a lida do dia,  levantava as saias, acima do joelho, e sentava -se à soleira da porta. Punha-se a contemplar o nada.  A poeira. O Vazio.  Com as cobras, não se importava, não.  Essas já nascem criadas.  Bom mesmo, seria ter nascido amiga do rei.  Mas isso, só em Pasárgada.  Ilustra: William Whitaker