O cão em eterna vigília I




I
E o cão fez vigília à minha porta,
na noite escura.
Tentei acender uma fogueira de gravetos,
recolhidos durante a jornada,
mas eles estavam molhados.
O vestido branco
bordado com poemas,
não me serve mais.
Caminho nua.
em meio à tempestade.
O barqueiro passa ao longe
com seus lampiões acesos no convés,
mas não me enxerga na noite densa.
O anel de pedras coloridas
ainda brilha no meu dedo indicador.
Ele poderia ser a minha bússola,
mas não é.

Imagem: Remédios Varo


Comentários

Anônimo disse…
Lindo poema! Sintético e preciso. Parabéns!

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