As àguas revoltas da vida...


As àguas revoltas da vida
me envolveram em seu torvelinho denso
de troncos e raízes arrastados
pelas mãos descarnadas do tempo.

-- esse sádico maestro de sonhos

que teima em descosturar as malhas da ilusão
entretecidas, sempre, ao cair da tarde
na longa espera, à porta da casa.

Ajoelhada em volta do fogo
fico à espreita das labaredas,
que vêm lamber as brasas.

Os cabelos emaranhados da noite.
Os lençóis desmanchados em suor e sangue.
A desdita do trabalho em vão.

As pérolas e seus colares atados de nós.
O nascente e o poente
que não mais querem brincar de esconde-esconde
no desorizonte.

As rugas dependuradas na face.
O olhar de peixe morto.
Um bater de asas.
Portas e janelas da casa.
Fechadas.

Comentários

Anônimo disse…
Marisa:

I just returned from France and my mountaineering in the Alps to find your beautiful poem below waiting for me. This is a beautiful one. Chiseled like a diamond.....



I hope all is well with you. I will send you more news later.

Muitos beijos,

Philippe
Anônimo disse…
Marisa:

sua poesia continua sangrando pelos teus poros...menina, quando vc vai parar de "morrer" aos poucos, e voltar a publicar os seus poemas???

De um admirador, saudoso dos seus autógrafos!!!
Anônimo disse…
Marisa:

Provavelmente, um dos mais belos poemas que vc já escreveu. No entanto, é como se vc sempre reescrevesse o "mesmo" poema!!!
Como bem o disse o Philippe, tua poesia "brilha" como um diamante.
Parabéns!!!
Anônimo disse…
Marisa, que felicidade te reencontrar, através de tua poesia.

Seja benvinda, você!!!
Anônimo disse…
Marisa:

quero me fartar de suas (cada vez mais deliciosas) cerejas!!!
Anônimo disse…
Marisa:

é impressionante a delicadeza com que vc consegue consegue cortar a sua própria carne, em cada verso, em cada palavra. Faca afiada que machuca, sem sangrar.
Anônimo disse…
Marisa:

obrigada pelo "prato" onde vc nos serve as mais frescas e saborosas cerejas. Adoro o teu blog, já virei tua fã.
Anônimo disse…
Querída Marisa:

desde Maestro de Sonhos, não tinha mais notícias tuas. Lá se foram vinte e tantos anos. Por onde andastes, mulher???Porquê levastes para bem longe de nós, seus pobres leitores, teu doce e fato cesto de cerejas??
Anônimo disse…
Marisa:

que bom saber que vc está nos dando o direito de ler os seus poemas, tão densos e pungentes,
outra vez.
Anônimo disse…
Marisa:

é um sacrilégio nos furtar teu "prato" de tão perfumadas, deliciosas, e sangrentas cerejas, por tanto tempo. Volte às livrárias, já!!!
Anônimo disse…
Marisinha:

vc não acha que sua poesia, tão linda, saborosa, penetrante, está caindo de madura???quando vc vai parar de se esconder, embaixo das cerejeiras virtuais, e voltar a nos presentear com um livro novo???O Maestro de Sonhos já amarelou na prateleira...e depois dele, que sempre releio, nunca mais nos reencontramos. Queremos rever vcs duas: vc e sua poesia, que nos encantou, em tantos saraus literários, na Unesp, em Assis.
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse…
Marisa, vc é seu próprio avatar. Nunca vi uma pessoa se descabelar tanto pela vida fora, com tanto talento como o seu. Todo o seu sofrimentos só se justifica por uma razão: vc é poeta, e das boas, das grandes poetas da sua geração.
Anônimo disse…
Uma pena que vc encarcere tanto a sua veia poética. Deixe-a jorrar, Marisa. Esse é o seu dom, o talento que recebestes ao nascer...nós, leitores, agradecemos.
Anônimo disse…
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse…
Marisa:

sua poesia nos dá um soco no estômago e um afago nos cabelos, acena um adeus, mas volta, enlouquece e embriaga.
Anônimo disse…
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse…
Marisa, vc é seu próprio avatar. Nunca vi uma pessoa se descabelar tanto pela vida fora, com tanto talento como o seu. Todo o seu sofrimento só se justifica por uma razão: vc é poeta, e das boas, das grandes poetas da sua geração.
Anônimo disse…
Grande Marisa:

quem é vivo "e poeta", sempre aparece!!!!

9:52 PM

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