Ventre de Vênus








mergulho em ti na noite rosa
e  retorno à tona com minha boca cheia de escamas
dos peixes líquidos, engolidos a cada amanhecer:
lençóis de algodão, umbigo oleoso & piercing inflamado
teu corpo se desenrola prá mim em pergaminhos de tatuagens
florzinha passarinho dragão
 São Jorge anjo  foice martelo
os desenhos flanam na superfície da sua pele
e desembarcam nas planícies ao sul de Creta;
como um Ulysses cansado da guerra, você dorme
enrodilhado em concha,
sonhando com o ventre de Vênus.
no outro dia, o bárbaro se levanta
disposto a navegar os mares bravios, outra vez.
beija-me os mamilos,
e deixa-me outra vez à espera dos peixes líquidos,
de escamas coloridas
que virão do fundo do oceano,
enroscar-se nos meus lábios-anzóis,

onde tatuei a palavra boca

Imagem: Alessia Ianetti 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O canto da carroça

Nésperas do esquecimento

Valsa com a morte