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Cavalgada dos Ratos

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Usavas um vestido de neblina na noite das bruxas, fantasiada de noiva-cadáver. O tempo e o espaço por testemunhas do enlace desgraçado: que filhos irias parir na noite densa e cheia de culpa? Bebês com patas de cavalos? Deuses vikings desossados? Cavalgadas de ratos corriam sobre o teto, deliciavam-se com o veneno escondido nas roldanas das janelas. Mas não morreriam.   Eram feitos de chumbo e sonhos de valsa. Falsos. Fakes. Ignaros. Os parentes mortos, no lugar dos vivos, empalados nos porta retratos. Os vizinhos sentavam-se à janela para apreciar a noite de luar prata e um parrícidio em câmera lenta. Teias de aranha esticadas entre as quilhas da cozinha para o malabarismo dos insetos. Chamavas os filhos pelo nome de flores: girassol, margaridinha-branca, coroa-de-cristo, cravo, crisandália e orquídea-azul. Não lhe cortavam nem as unhas dos pés, prá obrigá-la a andar de quatro. Imagem: Irena Schrul