Noiva cadáver



Dirijo dentro da noite veloz.

Fumaça. Carros. Ciclistas atropelados.

Pelo retrovisor, vou deixando prá trás todas as ilusões.

mas, a esperança ainda me alcança pelos cabelos,

com seu braço longo.

Noiva cadáver, arrasto os sonhos amarrados no párachoque,  

pendurados pelas ruas,

enquanto fujo dos teus abraços.

Enfrento o frio da noite e os fantasmas da dúvida.

Estrangulo os filhos da culpa.

Entro  num túnel de estrelas, mas desapareço na escuridão.

A velha desdentada me agarra

e me embala feito criança parida na calçada.

Ela  me abraça e me conta os seus segredos.

Me cobre os seios. Tapa as minhas vergonhas.

E decreta o meu desterro.
Imagem: Adrian Borda

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