Desterro





Volto à tona do profundo mergulho
em tuas carnes.
E não me encontro mais.
Nas paredes interiores de mim,
gritam os zilhões de filhos
abortados em cada noite de amor.
Nado em desespero,
até as praias desertas do teu continente.
Ninguém à minha espera.
A casa que não construímos
Jaz à sombra do limoeiro,
       -- destelhada--
sem portas, nem janelas.
Tudo em volta   são  ruínas e desterro.
Te enxergo nas lágrimas que escorrem
pelo meu rosto, à minha revelia.
Sinto o cheiro de tua pele, ainda quente e molhada,
grudada a minha.
Mas você partiu em busca de outras terras, outras marés,
outros mapas e outras amantes.
E me deixou nua, agarrada aos cabelos da terra,
às raízes das árvores do quintal,
que agora só existem nas memórias de minha sede.

Imagem: Adrian Borda

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