Um deus maldito
Foge sonho fugáz
desfaz a cor da face
das figuras presas nos vitrais,
penduradas nas paredes ocas,
ensanguentadas.
Um rastro de fantasma aqui e ali,
um cheiro de pólvora que não quer passar.
Foge sonho fugáz,
encante a noite macabra,
empunhe a cruz irônica
o sorriso e o gesto
sarcasticontundente.
No olhar e na boca
(o desejo e a ordem)
cobram impostos.
A esmola anônima nas mãos,
um deus maldito no ventre
na alma um micróbio ancestral.
Comentários