Fantasmas nossos de cada dia







A gente foge dos nossos fantasmas,
mas eles nos perseguem vida afora.

Fechamos portas e janelas,
mas eles se esgueiram pelas calhas do telhado,
nos espiam pelos furos das telhas,
pelos buracos das fechaduras
e  adentram, sorrateiros, nossas casas.

Se escondem dentro dos nossos armários,
vestem as nossas roupas.
E nos espreitam, cínicos, pelo olhar
das tias e avôs
( mortos)
asfixiados em seus retratos.

Os nossos fantasmas
comem os restos
dos nossos pratos.


Comentários

Anônimo disse…
Beautiful poem! I love the ending: os nossos fatasmas comen os restos dos nossos pratos. It is so true. What would be day-to-day reality without fantasms to keep us awake?

A big hug

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