Detalhes Sórdidos
A vida não economiza nos detalhes sórdidos.
Eu continuo esperando as cores de Frida Khalo
que você me prometeu,
mas não sei o que me aguarda
na próxima
estação das águas.
Arrumo malas, observo a chuva,
pronta para mais um feriado solitário no Morro dos Ventos Uivantes.
De vez em quando, esmago dragões com as pontas dos dedos.
Eles soltam pequenos gemidos de prazer
e exalam um odor de flores-cadáver.
Não, a vida não economiza nos detalhes sórdidos.
A morte avisa pelo facebook que recrutou para o seu
exército de desvalidos,
o irmão de Sofia.
Tomo um suco de berinjela, prá me reanimar do choque,
mas minha garganta está fechada.
Quero gritar o seu nome, mas não consigo.
Está tudo tão solto e desconexo na minha cabeça, que não me
reconheço, mais.
Sou a versão
feminina do Bispo do Rosário:
junto paus, pedras, trapos, sucatas
no intento de construir um barco seguro prá nós dois,
mas as tsunamis da vida nos afastam cada vez mais.
Não valeu a pena ter o meu sangue derramado, hoje.
Não, não valeu.
Comentários
This poem has beautiful images like "the tsunamis of life" but I hope that you are doing much better today than you were when you wrote it.
A big hug and three kisses.