Setembro


Setembro chegou, de braços dados com a primavera. Meu corpo cobre-se de folhas.  Os pelos do corpo cobrem a pele do tronco, que já foi árvore. Raízes que já foram galhos, hoje são meus pés, fincados no chão. Para sempre. Sento à minha própria sombra e colho os cachos das acácias. O perfume dos ipês. A magia dos jasmins. Faço uma tiara dessas flores misturadas e enfeito os meus cabelos já brancos e desprovidos de qualquer vaidade. Não dá prá tingir a beleza do tempo com os tons vermelhos ou azuis, artificiais.  Setembro, teu outro nome é poesia, natureza em festa, passarinhos na minha varanda, oferendas de maçãs e cravos para Afrodite, arranjos de rosas com essencia de pitanga para Yansã e Yemanjá.

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