O azul sinistro do dia

Acordei assim, recolhida ao azul sinistro do dia.
Uma flauta celta despertou-me
de meus sonhos longínquos,
onde o fauno do labirinto
me convidara para um chá das cinco,
regado a ópio e cogumelos.
... Demóstenes estaria lá,
a esperar-me na porta do inferno,
mas, antes que eu pudesse apertar sua mão,
selando nosso pacto de silêncio,
o castelo de cartas desabou sobre nossas cabeças.
O toureiro, meu herói de capa e espadas,
não se apresentou
no horário marcado.
E eu e o touro, cá estamos, exaustos e abraçados,
sem forças prá encarar mais um dia,
que não sabe se chove ou se fica quieto,
mas tem a dignidade de um batom vermelho.

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