ANJOS DE PLÁSTICO



Na tarde vazia de varais e lençóis
os azuis de anil  não resistiu à saudade
e escorreu pelas portas e vidraças
--fechadas –
dos apartamentos.

A tarde continua a mesma dos antigos tempos,
brincando de desfiar cortinas de plástico
prá enganar o sol, no fim do dia.

Mas os carros nos engarrafamentos
matam seus motoristas engasgados com a fumaça,
cegam os seus olhos e murcham os seus corações
para qualquer paisagem que não seja o caos
                    
  __cinza concreto prédio buzina __

ninguém mais enxerga asa de anjo que se abana
sentado na mureta do rio, mirando o pôr do sol.

Homem da cidade grande des-vê.

Imagem: Adrina Borda



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