Flor-de-Lotus




A flor-de-lótus era branca
e crescia nos seus pulmões.
O ar, cada vez mais rarefeito.
As paredes ao seu redor, fechando-a,
em uma redoma.

Estreitavam-se.

Cobriam-se de heras e teias de aranha.
Em seu leito de morte
lia Sartre,
mas ainda acreditava no amor.

A mulher e sua flor-de-lótus
branca.

Um dia, a flor-de-lótus
estendeu seus galhos ao leste,
e penduradas neles,
nasceram estrelas cadentes.

A mulher sorriu.
E entregou-se à música
que,  nua, dançava, e se enroscava,
em seus pulmões.

Imagem: Christiane Vleugels


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