Estilhaços de mim.




Uma matilha de cães
percorre os desertos gelados
dos meus continentes.
Seu alarido reverbera
nas memórias de mim.

De vez em quando,
sobrepõe-se o som da flauta doce
que a cigana tocava,
junto às fogueiras,
à luz do entardecer.

Não tivemos tempo
de preparar a cama
para o descanso
dos nossos ossos gastos.

Um trem efêmero dispara
dentro da noite voráz.
Vejo teu  rosto difuso
a dissipar-se nas vidraças.

Caminho na escuridão
sobre um tapete de cacos de vidro.

Estilhaços de mim.

Imagem: Laura Blank

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