Pássaro-noiva

Caminhas devagar
arqueado sob o peso dos anos,
ladeando muros e muros,
sem fim.
Respiras, sufocado,  entre paredes altas
e janelas de cristais.
Ninguém te segue.
Ninguém te reconhece.
Ninguém sente a tua falta nos Natais.
Só um beija-flor branco
teima em postar-se a tua janela,
a espera das migalhas do teu pão
no café da manhã.
Já não enxergas:
nem a luz da lua,
nem o brilho do sol.
Tens a face branca
de um fantasma faminto.
E um pássaro-noiva,
como companhia.
Imagem: Rene Magritte

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