Visita da morte

A morte me espia
por debaixo da porta.
Vejo sua sombra negra
rastejando como uma serpente
à espreita da presa.

De tempos em tempos,
a morte me visita
 no esconderijo de mim.
Me manda flores murchas,
e beijos ressequidos.
Me manda um cartão de visitas
e lembranças de teus braços fortes.

Quero ter esperança
de acordar criança, no amanhecer:
mas ela me avisa que o tempo é curto
e que as cartas já foram marcadas
com o sinete do enforcado.

É tempo de preparar a última ceia,
para a festa de despedida.


Ilustra: Michelle Mia Araújo

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