Streap-tease da lua
No fundo da mata
crescem as heras
enroscadas em troncos derrubados,
indiferentes a mais uma noite
de lua cheia.
indiferentes a mais uma noite
de lua cheia.
Lua melancólica
que despenca do céu
dentro da minha varanda,
que atravessa vidraças e paredes
prá acalentar os que dormem em macas
nos corredores dos hospitais,
sem céu nem estrelas
por testemunha de suas dores:
agudas ou crônicas.
Lua indescente que ilumina a trilha
para o macabro ceifador de árvores.
Lua que despe suas
lingeries vermelhas
e faz streap-tease
para uma família de novela
na sala de jantar,
diante dos olhos atônitos
de avós desmemoriados,
e de casais desnamorados.
Lua que ilumina a lâmina dourada
sobre o braço do madeireiro
e seu sonho verde-amarelo
agora, desbotado.
São Paulo, junho de 2014.
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