Submersa no oceano que me habita





Imagem: Love Toshev Artist


Submersa no oceano que me habita
minha casa emerge a sua chegada.
As janelas são cisnes que abrem suas asas
em eterna posição de vôo.
Pela tromba do elefante
espio o pouso da sua nave interestelar
penteando as àguas descabeladas de Netuno.

Os tenazes guerreiros postados às portas
persistem em eterna posição de lótus.
E as sereias que me fazem companhia,
tramando comigo a infinita rede
             de dias e noites,
(onde, como o poeta, descansa o tempo)
se alvoroçam com sua presença,
           fria e mortal
deus titânico das marés,
skywalker das galáxias.

Seus dedos riscam anéis de luzes em meu corpo
bordejam borboletas so blues,
brincam de tatuar serpentes azuis
que deslizam sobre a minha pele
e desaparecem na praia de areia fina
e escaldante
do meio dia.

Despertas a fúria da mulher tempestade
que em mim reside.
E, depois de uma noite de temporais em seus braços,
alço vôo nas asas dos cisnes das janelas.
Parto em busca da eterna Jangada de Medusa.

O infinito mar de Itapuã, agora, é apenas um cochilo.

Itapuã, dezembro de 2006.

Comentários

Ivana disse…
Nem acredito que conheço vc pessoalmente! Essa mulher inteligente e instintiva, capaz de brincar com as palavras a ponto de parecer ao leitor que foram feitas exatamente para serem colocadas na posição em que se encontram em seus poemas. Admiro vc demais! Orgulho!
Anônimo disse…
What a superb poem!! Chiseled like a diamond. This is sooo Marisa Rodrigues!! Everything from your poetry is in it: Images, colors and intimate emotions. The buzz words that permeate your poetry are there too: Janelas, elefante, azul etc. And the sensuality a flor da pele. I just love it.

Thank you for sending me such a beautiful poem. Muitos beijos.
Ivana, só agora estou lendo este seu comment. que lindo, que sincerooooooooooo.Thanks, querida.Vc é que é uma pessoa sensível e doce.
Phillipe: vc é que é um superfã, apreciando a retomada deste trabalho, há longos dez anos. Eu havia parado de escrever, ou melhor, de publicar, quando te conheci, em 2002. E lá se vão bons dez anos. Vc foi muiiiiiiito importante nesta minha retomada, pq ficou sempre por perto, como um cão de guarda, tomando conta desta poeta perdida no tempo e no espaço.

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