The Blue Woman



The Blue Woman




Todos os dias
levanta-se bem cedo
a mulher azul.

Seus braços longos
são janelas oceânicas
que ela escancara
sobre a imensidão
do mar.

Do seu púbis róseo
ela retira um ramalhete
delicados copos de leite
e, ao gesto eflúvio,
de trancafiá-los no vaso
sobre a mesa,
as flores pássaros
alçam vôo
janela afora.

A mulher azul
veste-se com longas
e leves transparências
de nuvens,
enquanto aguarda, lânguida,
as carícias do sol
sobre seu corpo blue.

A mulher azul
refresca-se nas cachoeiras
da lua,
tendo como dama de companhia
a eterna noite negra
que lhe serve,
em pequenas doses,
doces cálices de fel.

O tempo,
fiel cavalheiro da mulher azul,
senta-se ao seu lado
e começa a retirar
os dez anéis
que ela trás consigo,
atados,
desde o seu fatídico nascimento.

Um a um,
são desatarraxados,
os cruéis talismãs.

Enfim, livre,voa
a mulher azul.


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O canto da carroça

Nésperas do esquecimento

Valsa com a morte