Recuerdos de Santiago

Recuerdos de Santiago




Pesada pedra azul. Lapislázuli.Blues eyes. O nectar dos meus seios escorre da tua boca
-- semi aberta --farto mel, pesado fardo de trigo carregado nas costas das lhamas,que correm noite adentro, pelo deserto do Atacama.Passado e presente confundem-se no poente dos Andes. Com os dedos dos pés, amasso uvas,para fazer o vinho tinto de tua preferência, mas também desenho uma casa com chaminé e lareira, nessas areias setentrionais, à imagem de La Chascona. Às tardes, de frente para o imenso sol amarelo,
de cócoras, como minhas "avuelas", teço cestos com os mesmos trigos usados para amassar o pão. E, todas as noites, costumo colher uma única tulipa negra que nasce na beira dessas encostas glaciais. Me vejo no espelho dos teus olhos azuis ,blues eyes, so blues, e, com o mesmo cinzel em brasas, com que te esculpo na pesada pedra azul também retiro o teu escalpo. Perdoe-me cara pálida,mas preciso de tua pele quente e macia para cobrir-me do frio, nas longas noites negras em que fico só, regadas ao sabor da última gota de vinho tinto, cujo som ainda ressoa no fundo de minha garganta, enquanto aspiro ao aroma agridoce das tulipas negras nascidas nas encostas dos Andes,oferendas únicas, para uma única noite de amor...

Comentários

Anônimo disse…
Marisa:

Great poem that I have re-discovered again today. It captures a certain "atmosphere" in Santiago. Why tulipas negras?

Thank you for the "dedicace".

Philippe

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