Verde borboleta verde
Como provar seu doce favo sem deixar escorrer, pelo seu púbis róseo,
o gosto antagônico da morte? Passagem, paisagem, miragem. O elefante amarelo movimenta suas gordas patas no profundo oceano. A montanha desprende-se da serra e sai flanando pelos ares. Folha de papel. O gozo é imenso e não cabe numa xícara de café preto. Pão de mel. Teus lábios entreabertos sugerem o néctar das orquídeas. Minúsculas miniaturas espalhadas pela mata. Escravos cavaram um escuro túnel entre as pedras mineiras. Ouço os gritos dos desesperados. Louco açoite xicoteia a noite prata. Pernas abertas para a minha passagem.
Sou rei dessas terras de Araxá e imprimo minhas digitais na tua pele branca: nos bicos dos teus seios, no dorso das tuas mãos. Mãos em cálice. Mãos que amparam flores e insetos. Verdes mares montanhas bois. Paisagem pedras miragens verdes. A lua crescendo no céu da tua boca. Língua esculpindo palavras de fogo. Fogos de artifício explodem na garganta do mal. O riso é profético e o choro, incontido. Ambos se abrem, num leque, dúbio e profano.
Não sou teu, nem és minha. Passagem da lua no céu.Maravilhosa paisagem. Fina poesia matizada, cujas cores não cabem num pincel.Deixo-te livre para voar, minha doce borboleta azul.E fico aqui, ajoelhado, condenado ao meu destino, peremptório: verde lagarta.
Comentários