Caixa de Pandora





Abro a caixa de Pandora, e, nela, não encontro, senão pérolas,
tão mortas, que nem aos porcos as atirarei,
nesta manhã ensolarada de maio.
Não me resta nem mesmo um álibi. Dobrado como bilhete esquecido,
escrito em um guardanapo qualquer...
O Japão é tão longe daqui, e as heras que crescem por lá,
não crescem no meu jardim de inverno.
O chá preto esfria na xícara e o charuto apagado,
ainda guarda as marcas dos teus lábios frescos.
Morrer é tão doce e cruel, que não cometerei haraquiri,
por um crime que não cometi.
Quero, sim, cortar os pulsos, docemente,
e deixar o meu sangue escorrer, pelas frestas do meu corpo
Abertas para a tua passagem. Ainda que secretas.

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