Joana D`Arc






Tive um ataque de Joana D`Arc e cortei os meus cabelos
bem curtos, que é prá empunhar com fé,
minha nova bandeira: eu mesma,
sem disfarces, máscaras ou subterfúgios.

Cansei de ficar pendurada
no prego, atrás da porta.

Sou guerreira da luz, agora!

Fechei o portão das trevas atrás de mim.
E, para seu desespero, te tranquei lá dentro,
junto com os leões famintos
que povoam tuas noites de insônia e escuridão.

Você ainda não sabe,
mas só eu tenho as chaves de tuas algemas.
Eu as encontrei perdidas
entre os cabelos enovelados da Medusa
que me habitou, durante todos esses anos,
em vão, a tua espera.

Só eu tenho o mapa do teu peito
e conheço todas as passagens secretas do teu corpo.
Só eu poderia libertar o demônio do ciúme
que te esfola a ao meio dia.

Mas você, mais uma vez,
se fêz de menino rogado,
recusando o doce fardo do meu mel.


Agora, é tarde. Para sempre, tarde.

Meu cavalo branco está arriado com baldranas de seda
e argolas de ouro.
Seu pescoço enfeitado
com um colar de cerejeiras em flor.

"O Japão é tão longe daqui.
Mas não cometerei haraquiri,
por um crime que não cometi".

Adeus, meu querido. Tenho que seguir viagem.

Mais uma vez, você escolheu teu destino.
Preferiu os campos de trabalho forçado
em vez dos meus seios arfantes,
e do meu colo sequioso por te abraçar

... eu só queria te embalar, de novo
e te cantar uma canção de ninar,
até fazer você dormir...

Comentários

Anônimo disse…
Querida Marisa:

Adorei o poema.Lindo.Emocionante.E eu sei que é verdadeiro.Acho que é um dos melhores que voce ja escreveu.Parabens.Beijos

Sua amiga

Edna
Anônimo disse…
Beautiful poem.

um ataque de Joana D'Arc. I love the beginning of this poem.

You can still write beautifully in Portuguese.

Muitos beijos,

Philippe

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