Os secretos aposentos do Barba Azul
Pulei a janela da noite
e me refugiei embaixo
do galinheiro.
A flor vermelha do cactos
era tão exuberante
que eu fiquei cega,
por alguns instantes.
Adentrei pela escuridão
percorrendo desertos gelados,
paisagens frias
e cheias de cruzes.
O lagarto amarelo
pousou no meu ombro
e durante dias e noites
foi meu fiel companheiro
de intermináveis jornadas.
Em bosques exóticos
cavalguei cavalos enfeitados
com flores e sinos nas baldranas.
Com a ajuda dos duendes
e reis destronados,
teci rendas e redes,
com minhas mãos descarnadas
e agulhas enferrujadas.
Tentei abrir todas as portas
do velho castelo,
e elas se desmoronavam
antes que se completasse
o círculo da chave.
Não vi os esqueletos dependurados
no quarto escuro do Barba Azul.
Com teias de aranha
tricotei uma malha
para aquecer-me
nessa caminhada solitária.
Mas, em farrapos, ela já não mais consegue cobrir
os meus ombros nús,
os meus seios nús,
os meus sonhos nús.
Minhas mãos postam-se em oferenda
e caio de joelhos.
No jogo da amarelinha
o céu era a quinta casa.
Cambaleante,
refaço esse estranho percurso infantil
Mas não consigo mais encontrar
a chave da quinta casa.
A chave pequenina,
com arabescos,
é a que abre o aposento proibido,
onde cabeças decapitadas
e corpos esquartejados
gotejam suas últimas lágrimas
de sangue e sal.
Não devo abrir este aposento,
avisou-me o Barba Azul,
antes de sua partida.
e me refugiei embaixo
do galinheiro.
A flor vermelha do cactos
era tão exuberante
que eu fiquei cega,
por alguns instantes.
Adentrei pela escuridão
percorrendo desertos gelados,
paisagens frias
e cheias de cruzes.
O lagarto amarelo
pousou no meu ombro
e durante dias e noites
foi meu fiel companheiro
de intermináveis jornadas.
Em bosques exóticos
cavalguei cavalos enfeitados
com flores e sinos nas baldranas.
Com a ajuda dos duendes
e reis destronados,
teci rendas e redes,
com minhas mãos descarnadas
e agulhas enferrujadas.
Tentei abrir todas as portas
do velho castelo,
e elas se desmoronavam
antes que se completasse
o círculo da chave.
Não vi os esqueletos dependurados
no quarto escuro do Barba Azul.
Com teias de aranha
tricotei uma malha
para aquecer-me
nessa caminhada solitária.
Mas, em farrapos, ela já não mais consegue cobrir
os meus ombros nús,
os meus seios nús,
os meus sonhos nús.
Minhas mãos postam-se em oferenda
e caio de joelhos.
No jogo da amarelinha
o céu era a quinta casa.
Cambaleante,
refaço esse estranho percurso infantil
Mas não consigo mais encontrar
a chave da quinta casa.
A chave pequenina,
com arabescos,
é a que abre o aposento proibido,
onde cabeças decapitadas
e corpos esquartejados
gotejam suas últimas lágrimas
de sangue e sal.
Não devo abrir este aposento,
avisou-me o Barba Azul,
antes de sua partida.
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