Agora, é sempre assim
Imagem: Annabelle Verhoye
Agora, é sempre assim:
acordo com a luz do outono arranhando as janelas.
Abro os olhos e vejo a sombra da dor,
se escondendo atrás da porta,
no canto esquerdo do espelho,
debaixo do tapete.
Tento erguer-me da cama,
mas não tenho forças
para mais um dia, sem alegria.
Os joelhos fraquejam, calcinados
com a memória das estradas.
Longas.Sinuosas. Poeirentas. Traiçoeiras.
(Os sinos de vento soluçam lá fora)
Abro as janelas e deixo a luz da manhã
ensolarar o meu quarto.
Devassa, ela se deita com os meus lençois,
se abraça com os meus travesseiros.
Anos de solidão e desespero
talharam a armadura,
colada ao corpo.
A porta da prisão está aberta,
Mas a prisioneira encantou-se pelas muralhas.
Comentários
Parabéns por mais esse belo poema. Que me faz mais feliz por aqmar as mulheres.
Grande beijo.