Refúgio

                         

                                                                             (Para Bruna Lombardi)


Vontade de me sentar num raio de sol,
 me enrodilhar num sorriso quente,
com gosto de morango fresco,
e esquecer o inverno
que habita o  âmago das pedras.

Vontade de me aprofundar neste refúgio
quatro cantos deslocados no espaço
e entrelaçar-me num amálgama de líquens,
num misto de fungo e alga, de fogo e água:

_ desejo de apagar este vulcão indeciso,
   verão teimoso.

Vontade de esconder-me nas entranhas minhas,
mergulhar profundamente,
de cabeça,
até o lado oposto da certeza...
sinto deixar seus lábios me esperando,
com medo de que eu não retorne à tona.
Sinto!

Mas se já não me atraem as cores,
nem o brilho dos teus olhos de ágata,
águia que me amedronta,
mesmo sabendo que sou tua caça.

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