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Mostrando postagens de agosto, 2005

Os secretos aposentos do Barba Azul

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Pulei a janela da noite e me refugiei embaixo do galinheiro. A flor vermelha do cactos era tão exuberante que eu fiquei cega, por alguns instantes. Adentrei pela escuridão percorrendo desertos gelados, paisagens frias e cheias de cruzes. O lagarto amarelo pousou no meu ombro e durante dias e noites foi meu fiel companheiro de intermináveis jornadas. Em bosques exóticos cavalguei cavalos enfeitados com flores e sinos nas baldranas. Com a ajuda dos duendes e reis destronados, teci rendas e redes, com minhas mãos descarnadas e agulhas enferrujadas. Tentei abrir todas as portas do velho castelo, e elas se desmoronavam antes que se completasse o círculo da chave. Não vi os esqueletos dependurados no quarto escuro do Barba Azul. Com teias de aranha tricotei uma malha para aquecer-me nessa caminhada solitária. Mas, em farrapos, ela já não mais consegue cobrir os meus ombros nús, os meus seios nús, os meus sonhos nús. Minhas mãos postam