Poema para Plutão e Richard Harris

plutão em trânsito com Saturno, ostenta, exibido, suas quatro luas nos céus, e eu aqui pendurada no lustre, treinada por malabares exóticos, enquanto o rinoceronte azul dorme e ronca no sofá da sala. Richard Harris sussurra uma canção no meu ouvido e eu volto num tempo em que nunca vivi _ passado e presente se confundem nas telas oníricas dos meus sonhos. Não sei quem eu sou, ou onde estou se tudo já passou, ou não. Grão de areia entalado na ampulheta, esquecida sobre a mesa. [poeira cósmica crisálida aranha enroscada na teia] estou acuada na garganta da vida alguém retirou as baterias do meu relógio biológico pregando-me uma peça de muito mal-gosto e eu não sei mais o que fazer : titereiro do meu próprio destino, minhas mãos -- hoje -- acordaram com artrose Imagem: I give you my heart Adrian Borda