Sob o signo do fogo

Um vento estranho, com cheiro de fumaça, adentra as janelas nesta manhã de setembro. Ainda estamos no inverno. Mas o calor resseca nossas mãos. Enruga nossas caras. Um inverno que brinca de esconde-esconde com as estações do ano E teima em trocar de roupa com o verão. Crimes são cometidos em nome da estiagem das águas. Ateiam fogo às casas, como se fossem de papel. Nunca mais será o mesmo, o sorriso das crianças sem lar. - nunca mais - Os rostos amargos das mulheres, estampados nos jornais são a cara escarrada dos nossos tempos loucos. Nossos pulmões expelem um gosto de fuligem. Cuspimos a fumaça das casas dos homens pobres - queimadas- pelos homens ricos e despudorados. A primavera, balança o futuro do outono em seus braços, mas estende às sombras das àrvores, um tapete ressequido de flores mortas. A terra abre-se em fendas. Lábios rochosos escancarados soluçam por...